sábado, janeiro 01, 2011

Este é em novo tempo um novo mundo: o fim da base fixa para a informação



A atualidade experiencia, sem muitos perceberem, uma mudança sem precedentes no formato das bases da informação. Uma base de informação é formada pelo suporte e inscrições neles fixados. Referencia o modo como uma sociedade organiza seus documentos em função de seus conteúdos.

Convivemos, cada vez mais intensamente, com uma formatos abertos de informação que permitem a criação individualizada e sua edição instantânea. Cada vez mais se lê diretamente na tela do computador pessoa onde os píxeis de fósforo ligam e desligam tal pirilampos que se anunciam e dissipam como os mecanismos do próprio pensar.

Virtualizam-se, assim, as bases de inscrição das narrativas e as bases de som e de imagens. O grande ator que sai de cena é a base fixa como o papel para a escrita e as base em celuloide para som e imagem

A Polaroid se disse adeus a fotografia em 2008; a empresa que se tornou sinônimo de fotografia instantânea fechou as portas. A Polaroid não conseguiu acompanhar a tecnologia digital que mudou a cara da fotografia para sempre. Qual a necessidade de pagar o custo e esperar o tempo da revelação e impressão em papel? A Kodack vai deixar de produzir o Kodachrome, um símbolo de impressão de imagens a cores, e as substâncias necessárias para revelar fotos.

Os cinemas comerciais já disseram adeus ao já velho filme de 35 mm. Sistemas de projeção digital facilitam a vida de distribuidores e o suporte em celuloide fica para os colecionadores. A qualidade digital da projeção melhora, também, as condições de recepção. O filme é transformado em arquivo digital e armazenado em um servidor, que o envia via satélite para os aparelhos dos complexos tipo "Kinoplex" em diferentes espaços geográficos. A partir daí, basta um clique na hora marcada para que o filme seja projetado sem interrupções em uma sala de exibição.

As gravadoras já comercializam música em cartões digitais só de leitura. Um cartão magnético de memória é inserido no "slot" USB do seu receptor de som. Não risca, não arranha, não mofa, o espaço de armazenagem é muito pequeno, o custo muito menor. Comece a se despedir ou colecionar os seus CDs. Eles ficarão raros. As lojas de sua comercialização começam a fechar.

A transmissão da voz e de músicas por rádio digital foi aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações. A nova tecnologia começa a funcionar em caráter experimental em emissoras de algumas capitais. Você continuará a ouvir o seu futebol, mas não mais no radinho de pilha.

A tecnologia de rádio digital permite a compressão dos sinais de voz abrindo o rádio para a transmissão de textos e imagens. Os novos receptores poderão transmitir vídeo com os clipes da música tocada; o ouvinte também pode ler informações complementares às notícias transmitidas pela emissora, como autor, título da música, etc.

O rádio digital permitirá a transmissão de até três programas simultâneos, na mesma frequência, para públicos diferentes. Na verdade você terá que trocar, também, todo o sua aparelhagem de recepção de som,pois o que está em sua sala, não tem o slot USB e cedo seguirá o caminho do museu de imagem e som.

São grandes as transformações desta mudança estrutural das bases da informação, a maior delas, seguramente será o formato papel como base de informação. Está será a mudança mais sofrida pois estamos culturalmente apegados ao papel como base para a escrita, como se fosse uma extensão de nosso olhar. O livro de papel é um amigo tão querido que muitos recusam a ver que entrou em fase final.

Michel Lesk* tem um famoso artigo chamado: "As 7 idades da informação" trata indiretamente do fim do papel como base para conteúdos. Sua cronologia das idades da informação a partir do seculo XX papel começa em 1945 com o artigo de Vannevar Bush, passando pelas seguintes fases:

• Childhood (1945-1955)
• The Schoolboy (1960s)
• Adulthood (1970s)
• Maturity (1980s)
• Mid-Life Crisis (1990s)
• Fulfillment (2000s)
• Retirement (2010)

Segundo Lesk, o último tempo como o da senilidade foi o ano que acabamos de deixar. Nesse ponto 65 anos após o artigo "As we may think" de Vannevar Bush pode-se imaginar que, todo o trabalho de conversão para texto digital acabou; existe uma outra linguagem e a informação se livrou também dos estoques físicos em espaços específicos.

The Seven Ages of Information Retrieval ,
http://www.lesk.com/mlesk/ages/ages.html