A Ciência da Informação se preocupa com os princípios e
práticas da criação, organização e distribuição da informação. Assim como, com
o estudo dos fluxos da informação desde sua criação até a sua utilização e tem
a sua disseminação ao receptor em uma variedade de formatos, através de uma
variedade de canais. É dependente das tecnologias intensas de comunicação e informação. Por esta razão para uma área que
esta permanentemente se refazendo não é fácil determinar seus temas para uma pesquisa de ponta.
Temas como a organização e controle da informação e seus
instrumentos, a comunicação cientifica, estoques acervados e a mediação para o conhecimento tem
participado como núcleo forte desde Paul Otlet até Tim Barnes-lee; mas para uma área
altamente envolvida com a tecnologia alguns temas se mostram emergentes. Este parece
ser um problema para a construção de um arcabouço teórico desta área, pois como a mudança nas práticas anda sempre rápida e na frente,
a teoria (e a pesquisa) parecem vir a reboque, correndo atrás para explicá-la e situa-la
em um fragmentado corpo de difícil consenso.
Se, intuitivamente incluíssemos alguns itens para mostrar os temas de pesquisas na fronteira do
conhecimento da área, teríamos em minha opinião:
1- Conhecer, registrar, organizar e distribuir conteúdos
digitais armazenado em estoques eletrônicos no ciberespaço;
2- Conhecer e mediar o processo de produção, distribuição e
consumo da informação em novas mídias considerando, ainda, a difusão
multimídia;
3- Facilitar a ação de integração social de conteúdos,
através das redes eletrônicas, fortalecendo a participação em comunidades
eletrônicas;
4- Promover a fluência digital como uma forma de instrução
para operar novos instrumentos de acesso e interatuação com narrativas de
informação digital;
5 - Estimular o desenvolvimento e a competência para fundar
e operar repositórios digitais de livre acesso a informação;
6- Promover ambientes informacionais abertos nos quais o
usuário possa modificar conteúdos já estocados de informação dentro de um contexto consensual;
7- Prever e promover a formação e a integridade de ambientes
colaborativos estabelecendo regras para seus integrantes;
8 - Pesquisar a emergência de uma condição visual de
interatuar com conteúdos e, assim, lidar com novas condições de escrita e leitura;
9 - Pesquisar a recuperação interativa de conteúdos e imagens de formato
digital;
10 - Estudar a organização
da informação em ciberblocos como novos espaços semânticos de conteúdos na web.
Contudo parece que não estamos indo neste caminho na área de
ciência da informação. Em recente artigo de Gustavo LiberatoreI e Víctor
Herrero-Solana publicado em publicado na Base Scielo
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-37862013000300005&script=sci_arttext>,
denominado "Caracterización
temática de la investigación en Ciencia de la Información en Brasil" tem como objetivo analisar os principais temas de
interesse no domínio da investigação científica na área da ciência da
informação no Brasil durante a primeira década do século XXI. Para isso
analisou os temas correspondente ao conteúdo da produção científica publicada
em quatro grandes revistas nacionais da disciplina: Revista Ciência da
Informação , DataGramaZero , Perspectivas em Ciência da Informação e Transinformação
.
A metodologia usada na pesquisa indicada foi à análise de coocorrência de palavras e a sua representação e interpretação
através da análise em rede social com as áreas propostas pela Ancib em seus
grupos. Os indicadores finais foram compostos por 2.498 entradas de palavras
pertencentes aos 965 itens processados. Temos então três quadros que indicariam a qualidade dos
temas da pesquisa da área
no Brasil:
Frequência das palavras nas pesquisas: (click para ampliar)
Frequência das palavras nas pesquisas: (click para ampliar)
Se o futuro passa por outro regime de informação,
então, estamos longe deste
futuro, pois preocupações emergentes não parecem ter chegado até o interesse de nossa pesquisa. As disciplinas e praticas de ensino são quase as mesmas nos últimos 50 anos.
Estamos vendo a festa pelo lado de fora da janela e lembrando que o penúltimo
trem já partiu e nós não compramos a passagem.
Aldo de A Barreto