quarta-feira, julho 20, 2011

A memória nos documentos




A densidade dos ritos de informação corresponde a qualidade do saber acumulado na memória. Representa um conjunto de atos contínuos, que se acrescentam no tempo; obras pelo qual o indivíduo reelabora o seu mundo modificando o seu espaço, uma criação em convivência com o passar do tempo.

Um lugar muito especial para pesquisadores dos acontecimentos do meado do século passado e a Biblioteca do Presidente Roosevelt na presidência dos EUA com documentos digitalizados. Destes documentos cerca de 6.000 são documentos confidenciais que estavam no cofre da Casa Branca e conhecidos como: The safe documents.

Os demais são documentos do chamado Arquivo do Vaticano e Arquivo Diplomático. O Arquivo Diplomático dividido em: German Diplomatic Files e British Diplomatic Files, referentes as relações diplomáticas durante a guerra. Os registros podem ser consultados em sua forma original e em uma versão texto. Existem ainda disponíveis fotos da era Roosevelt livre de copyright.

Um aspecto interessante e que pode ser examinado é a sua extensa correspondência do presidente com o Dr. Vannevar Bush de 1938 a 1942. Dr. Bush foi o responsável pelo Comitê Nacional de Pesquisa que agregou cerca de 6.000 cientistas americanos e europeus para direciona-los para o esforço da guerra. Em 1950 Bush, devido a esta experiência, escreveu "As we may Think" sobre o problema da explosão informação em ciência e tecnologia após o término da guerra. O artigo de 1950 de Vannevar Bush é  um marco da ciência da informação como área de conhecimento.

Ainda no Projeto da memória americana da Library of Congres estão acessíveis os arquivosde Hannah Arendt que em muitas partes se trançam com a época da segunda guerra e os documentos dela provenientes. O arqueivo de Arendt relatam a vida e as atividades da autora. Com mais de 25 mil itens e cerca de 75 mil imagens digitalizadas tem uma a coleção tem textos inéditos como discursos, cartas, artigos, aulas, manuscrito de livros famosos. Dentre os inéditos está o curso da University of Chicago sobre os crimes da segunda guerra mundial  "Nuremberg War Crime Trial, a Seminar, 1968

Outros documentos de Arend são: "Aulas sobre o pensamento Kantiano: de Aristoteles a Maquiavel"; O primeiro rascunho e de "Entre o passado e o futuro" A versão publicada no New Yorker Times do livro “Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil”

A mente humana procura fugir das coisas que a assombram como realidades falsamente construídas. Cria, assim, memórias clandestinas que por seu constrangimento não querem ser domiciliadas e esquecidas e precisam ser recontadas. Estas memórias furtivas e emaranhadas se agregam pela narração de diferentes indivíduos, por caminhos alternativos e com diferente interpretação. Seu núcleo de verdade será sempre a soma do que delas é dito em diferentes recontagens como nestes arquivos com endereço certo.

AAB


Biblioteca Franklin Delano Roosevelt
http://www.fdrlibrary.marist.edu/library/index.html

Os Arquivos de Hanna Arendt
http://memory.loc.gov/ammem/arendthtml/arendthome.html

As we may Think
http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1945/07/as-we-may-think/3881/

sábado, janeiro 01, 2011

Este é em novo tempo um novo mundo: o fim da base fixa para a informação



A atualidade experiencia, sem muitos perceberem, uma mudança sem precedentes no formato das bases da informação. Uma base de informação é formada pelo suporte e inscrições neles fixados. Referencia o modo como uma sociedade organiza seus documentos em função de seus conteúdos.

Convivemos, cada vez mais intensamente, com uma formatos abertos de informação que permitem a criação individualizada e sua edição instantânea. Cada vez mais se lê diretamente na tela do computador pessoa onde os píxeis de fósforo ligam e desligam tal pirilampos que se anunciam e dissipam como os mecanismos do próprio pensar.

Virtualizam-se, assim, as bases de inscrição das narrativas e as bases de som e de imagens. O grande ator que sai de cena é a base fixa como o papel para a escrita e as base em celuloide para som e imagem

A Polaroid se disse adeus a fotografia em 2008; a empresa que se tornou sinônimo de fotografia instantânea fechou as portas. A Polaroid não conseguiu acompanhar a tecnologia digital que mudou a cara da fotografia para sempre. Qual a necessidade de pagar o custo e esperar o tempo da revelação e impressão em papel? A Kodack vai deixar de produzir o Kodachrome, um símbolo de impressão de imagens a cores, e as substâncias necessárias para revelar fotos.

Os cinemas comerciais já disseram adeus ao já velho filme de 35 mm. Sistemas de projeção digital facilitam a vida de distribuidores e o suporte em celuloide fica para os colecionadores. A qualidade digital da projeção melhora, também, as condições de recepção. O filme é transformado em arquivo digital e armazenado em um servidor, que o envia via satélite para os aparelhos dos complexos tipo "Kinoplex" em diferentes espaços geográficos. A partir daí, basta um clique na hora marcada para que o filme seja projetado sem interrupções em uma sala de exibição.

As gravadoras já comercializam música em cartões digitais só de leitura. Um cartão magnético de memória é inserido no "slot" USB do seu receptor de som. Não risca, não arranha, não mofa, o espaço de armazenagem é muito pequeno, o custo muito menor. Comece a se despedir ou colecionar os seus CDs. Eles ficarão raros. As lojas de sua comercialização começam a fechar.

A transmissão da voz e de músicas por rádio digital foi aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações. A nova tecnologia começa a funcionar em caráter experimental em emissoras de algumas capitais. Você continuará a ouvir o seu futebol, mas não mais no radinho de pilha.

A tecnologia de rádio digital permite a compressão dos sinais de voz abrindo o rádio para a transmissão de textos e imagens. Os novos receptores poderão transmitir vídeo com os clipes da música tocada; o ouvinte também pode ler informações complementares às notícias transmitidas pela emissora, como autor, título da música, etc.

O rádio digital permitirá a transmissão de até três programas simultâneos, na mesma frequência, para públicos diferentes. Na verdade você terá que trocar, também, todo o sua aparelhagem de recepção de som,pois o que está em sua sala, não tem o slot USB e cedo seguirá o caminho do museu de imagem e som.

São grandes as transformações desta mudança estrutural das bases da informação, a maior delas, seguramente será o formato papel como base de informação. Está será a mudança mais sofrida pois estamos culturalmente apegados ao papel como base para a escrita, como se fosse uma extensão de nosso olhar. O livro de papel é um amigo tão querido que muitos recusam a ver que entrou em fase final.

Michel Lesk* tem um famoso artigo chamado: "As 7 idades da informação" trata indiretamente do fim do papel como base para conteúdos. Sua cronologia das idades da informação a partir do seculo XX papel começa em 1945 com o artigo de Vannevar Bush, passando pelas seguintes fases:

• Childhood (1945-1955)
• The Schoolboy (1960s)
• Adulthood (1970s)
• Maturity (1980s)
• Mid-Life Crisis (1990s)
• Fulfillment (2000s)
• Retirement (2010)

Segundo Lesk, o último tempo como o da senilidade foi o ano que acabamos de deixar. Nesse ponto 65 anos após o artigo "As we may think" de Vannevar Bush pode-se imaginar que, todo o trabalho de conversão para texto digital acabou; existe uma outra linguagem e a informação se livrou também dos estoques físicos em espaços específicos.

The Seven Ages of Information Retrieval ,
http://www.lesk.com/mlesk/ages/ages.html