domingo, janeiro 31, 2010

A informação superposta


Considere uma pesquisa para as obras de Shakespeare. Com a tecnologia que existe hoje, para um determinado termo de sua obra podemos encontrar em todas as linhas de sua obra o lugar onde o mesmo termo é usado nos seus escritos completos. Esta concordância é um exemplo do que chamamos de seguir determinados conteúdos sobrepostos e que se apresentam em camadas cronológicas. O trabalho consiste em suplementar uma informação criando todas as suas menções em um mesmo contexto de aplicação.

Exemplos, deste tipo de necessidade de seguir informações, sobrepostas em camadas são: os prontuários médicos, arquivos cronológicos, a notícia em um canal de mídia, as camadas de dados e reflexões de uma pesquisa e até mesmo reconstrução de uma discussão, escrita e oral, sobre o desenvolvimento ou projeto de um produto ou serviço em um site ou serviço de email tipo wave para convivência empresarial.

A informação sobreposta deve ser linkada para uma referenciação ou estudo do problema em suas diferentes fases de ocorrência. Esta linkagem normalmente acontece para documentos relacionados em camadas verticais e não se configura com o critério de uma abordagem hipertextual onde a saída do texto tutor é de livre escolha no espaço e no tempo.

As informações quando sobrepostas podem ser administradas colocando marcas nas mensagens que vão em seguimento no empilhamento das camadas, a partir de um documento tutor inicial. As camadas de base e seu seguimento podem incluir múltiplos e heterogêneos formatos de documentos, o que requer um esquema de endereçamento inteligente, para reunir as informações armazenadas em todas as camadas incrementais da coisa estudada. A compilação deve permitir a criação e a resolução de um sistema de marcas para os documento superpostos já existentes e os que virão a se empilhar.

Na informação sobreposta seguimos os links como se fosse as pegadas deixadas por um caminhar na arquitetura de conteúdos específicos. Esta informação se relaciona diretamente com o documento tutor que é aquele ao qual se adicionam camadas em um conjunto encadeado. O valor do documento é dado pela possibilidade de “montar” todas as camadas do encadeamento e de uma aplicação que permita o seu seguimento em completeza. Um só documento do conjunto não forma um valor que só existe se é agregado pela soma de toda a série.

O número crescente de informações eletrônicas, fontes acessíveis a uma audiência mundial, fornece uma oportunidade sem precedentes para estudar os mecanismos e as aplicações de organização e controle de informações sobrepostas em contextos específicos. Tais aplicações devem permitir explorar e organizar documentos digitais espalhados, mas cujo valor está na coleção das fontes que estão em uma disposição de camadas sobrepostas.


Bundles in Captivity: An Application of Superimposed Information
Lois Delcambre e outros
http://web.cecs.pdx.edu/~lmd/papers/captivebundles.pdf

segunda-feira, janeiro 11, 2010

O espaço da memória




Quando falo do estoque de informação, um acervo armazenado, penso nos artefatos com que operam os agregados de informação. Estes  estoques, que são estáticos, não geram conhecimento. Existem como possibilidade de uma condição de conhecimento. Só com uma passagem adequada atingem o receptor.

Para haver conhecimento é necessária uma transferência de informação destes estoques para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável para sua apropriação pelos indivíduos. Nesse momento nada é mais subjetivo e privado que a assimilação de um conteúdo pelo receptor. Na solidão desta interiorização o receptor é uno e esta é uma a apropriação dele, de mais ninguém.

Conhecimento sendo uma passagem é um fluxo de estruturas simbólicas  um processo que se realiza no oculto espaço de uma subjetividade. É esta celebração  se passa em dois mundos: o do criador da mensagem e de quem a aceita como conhecimento.

O sistema tradicional de armazenamento da informação em estoques obedece a um rígido formalismo técnico e reducionista, que serve aos propósitos do seu gerenciamento. São sucessivos processos de seleção e reformatação de conteúdos simbólicos que sob o pretexto de melhorar localização e recuperação; interferem com o sistema de significação e com o universo semântico dos receptores.

A partir dos anos 80 novos modelos tecnológicos promovem um reposicionamento destas práticas de  principalmente devido a: uma nova visão conceitual de que a informação se relaciona com o conhecimento e com o desenvolvimento humano devendo se respeitar, portanto, a integridade de sua inteirice. Ao afetar esta integridade podemos afetar o processo de conhecimento como um todo.

A visão conceitual entende que os estoques de informação representam um importante recurso no processo de geração do conhecimento. A geração do conhecimento é uma condição complexa na qual os estoques estáticos representam uma etapa. O problema é que estes estoques com ou sem controle, crescem indefinidamente; se avolumam em um tempo sem limite; sua abundância degenera a potencialidade dos conteúdos na recuperação e distribuição.

Estes estoques se agrupam exponencialmente, em estruturas que lhe servem de repositório. A coisa toda poderá ruir em pedaços, devido ao seu próprio peso a menos que se modifiquem as proporções relativas da sua estrutura dos  em relação ao volume de seu conteúdo físico ou se modifique a constituição física.

Nossa memória  só funciona bem, porque nos é dada a capacidade do esquecimento. Um deslembramento natural do armazenado. Na memória digital dos documentos eletrônicos parece haver, também, um descarte natural associado ao acesso. Se não acessado um documento é descartado ou vai para um museu digital. Esta é uma peregrinação já trabalhada pelos que procuram fazer o árduo serviço de preservação digital.

Toda informação arquivada e de domicílio seguro pode ser retirada da memória pelo deslembramento. O digital quando salvado em uma memória de secundária pode ser esquecido e iniciar a sua relação com a história.

Nos ritos de informação é a memória,, que possibilita a relação com o saber É o conjunto de atos contínuos, que se acumulam no tempo e podem ser relembrados; são cognições prévias nas quais o indivíduo pode reelaborar o seu mundo modificando o seu espaço vivencial no passar do tempo. Assim opera a densidade estoque de informação armazenada, a massa e o volume que ocupam, tem condições agregativas e aderentes enquanto disponibilizadas pelo uso

Esta densidade quando humanizada é o que faz ser, completamente diferente a qualidade do pensar de um homem mais antigo e de uma criança. Haveria sim, nestes casos mais memória no elefante que na pulga.

AAB

Revisto em 17.11.2014