quarta-feira, abril 28, 2010

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO


A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL

A Sociedade da Informação em minha visão é o espaço em que se torna universal o acesso aos conteúdos de informação dos estoques de documentos institucionalizados, para uso de todos os habitantes de uma realidade. Quando esta condição só se realiza os possíveis beneficiários do contexto informacional podem elaborar esta informação, em proveito próprio e para o desenvolvimento e da realidade, onde partilham sua odisseia individual de cidadania.

Não se deve confundir a sociedade da informação com a sociedade do conhecimento. Embora partilhando da mesma intenção, a sociedade da informação é uma utopia de realização tecnológica e a do conhecimento uma esperança de materialização de ações para um saber compartilhado.

Na sociedade do conhecimento o indivíduo quer se realizar na sua realidade saindo do estado de não emancipação em que foi colocado. A sociedade da informação está limitada ao avanço de novas técnicas de acesso, disponibilização e uso da informação. A do conhecimento não tem limites se as competências forem adequadas.

A velocidade e facilidade de acesso à informação através dos novos meios eletrônicos revogam as condições de consumo de significados estabelecidas no estatuto do cidadão; mas não tem incidido com igual impacto na sua cultura ou favorecido sua identidade nacional. No momento em que o Brasil cuida melhorar as condições técnicas para plena inserção na sociedade da informação é vital que se estabeleçam políticas que se voltem para prover conteúdos para as identidades culturais do país afim de que se possa chegar a sociedade do conhecimento. Algo que se sobrepõe as discussões de bandas de acesso e seu custo.

A interiorização da informação pelo indivíduo envolve uma série de fatores que estão fora da competência ou governabilidade de um instrumento para uma sociedade da informação. Uma política de informação deve tratar de informação e esperar que as existam políticas voltadas para o crescimento intelectual dos indivíduos que lhe capacite assimilar conteúdos informacionais.

O Livro Verde, lançado no ano 2000 é um documento correto para uma política de uma sociedade da informação. Contou com a colaboração de inúmeros cientistas e especialistas de diversas áreas. Foi idealizado e realizado com muita criatividade, dedicação e respeito aos seus propósitos.

O documento deixa clara a necessidade da existência de parcerias (pg. 11, capitulo 1) quando afirma: "ao governo cabe construir os "backbones" para universalização do acesso e algumas aplicações próprias de Estado; a sociedade cabe viabilizar e articular os conteúdos e as aplicações de interesse específico; mas o investimento para fornecer produtos e serviços, com a necessidade de manter uma continua densidade tecnologia em inovações, esta é uma tarefa do setor privado."


Há que considerar, ainda, que o programa da sociedade da informação, preconizado no Livro, foi realizado por um dos Ministérios do governo e por estar neste nível hierárquico não teve força política para sua implantação. Todo governo é sensível a sua gradação da autoridade e aos círculos de predomínio de poder estabelecido. Após a edição do Livro Verde pela Ciência e Tecnologia outros setores do executivo lançaram sua própria política de informatização social independente.

O documento, em minha opinião, tinha duas opções: ou ser abrangente e indutor como é ou ser específico, por exemplo, tratar só do acesso universal e da informação em ciência e tecnologia, e então correr o risco de não ter uma plateia muito grande e, talvez ter, a responsabilidade de administrar a execução das ações propostas.

Assim, o plano verde escolheu ser grande e aí se perdeu na burocracia das intenções de poder de cada setor do governo. Permanecerá, porém, um excelente documento. Uma diretriz para organizar e induzir ações, para uma sociedade mais justa na organização, acesso e divisão da informação. Moderno como demonstrou a indicação positiva realizada na mídia de abril de 2010, dez anos após sua edição

(AAB)

Ler ou baixar O Livro Verde da Sociedade de Informação no Brasil - Uma política de Informação
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/18878.html

quinta-feira, abril 15, 2010

O Ruído Rosa



Uma parte do pensamento filosófico de Heidegger tem sido considerada relevante para a ciência cognitiva e aparece no capítulo III do Ser e Tempo,onde Heidegger distingue modos de experimentar o mundo. A maioria das atividades humanas argumenta é absorvida no envolvimento de habilidade com as entidades do mundo. Quando lidamos com habilidades de cognições pré-estabelecidas podemos experimentar interações como sendo uma extensão do nosso corpo.*

O nosso compromisso com as entidades como extensão do corpo não implica na consciência explícita de suas propriedades. É uma simbiose que se estabelece com uma sincronia de uma frequência denominada de “ruído rosa”.

Isso aparece quando usamos,por exemplo, o mouse como uma interface para interagir com um computador. Quando estes atos se processam na frequência cognitiva descrita como um “ruído rosa” o mouse e o computador passam a ser uma extensão de nosso corpo.
Se, contudo, uma dificuldade aparece neste intercâmbio e nos tornamos conscientes do artefato a frequência é quebrada e a interação como extensão cessa até que se estabeleça um novo estado de sincronia apropriado.*

É importante saber que habitamos duas realidades na mesma época. A anfibiedade em que vivemos é a capacidade adquirida de habitar e interatuar em contextos e condições diferenciadas. O nosso viver pode estar em dois espaços: o da realidade da existência e o da realidade potencial onde existimos metaforicamente. É a duplicidade do animal que habita a terra ou na água. Aterrado no viver físico ou libertado no mundo virtual; corporalmente distinguido em cada realidade, por adereços que podem se agregar a sua pessoa virtual.

Eu existo virtualmente em um mundo sem distancia espaço ou tempo definido. Minha vivência é a das conexões e meu destino são os meus links. Virtualmente existo na translação da metáfora, na transferência das minhas narrativas para um âmbito simbólico que não é fixo, físico ou designado; ele se fundamenta num movimento sem corpo definitivo. Uma relação de separação entre dois instantes, dois lugares ou dois estados do ser.
(AAB)


* Relações entre uma teoria da educação e seu fundamento ontológico e epistemológico.
http://www.webartigos.com/articles/10401/1/Educacao-Epistemologia-e-a-Crise-dos-Paradigmas/pagina1.html


** A Demonstration of the Transition from Ready-to-Hand to Unready-to-Hand
Dobromir G. Dotov, Lin Nie, Anthony Chemero
http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0009433