quinta-feira, abril 15, 2010

O Ruído Rosa



Uma parte do pensamento filosófico de Heidegger tem sido considerada relevante para a ciência cognitiva e aparece no capítulo III do Ser e Tempo,onde Heidegger distingue modos de experimentar o mundo. A maioria das atividades humanas argumenta é absorvida no envolvimento de habilidade com as entidades do mundo. Quando lidamos com habilidades de cognições pré-estabelecidas podemos experimentar interações como sendo uma extensão do nosso corpo.*

O nosso compromisso com as entidades como extensão do corpo não implica na consciência explícita de suas propriedades. É uma simbiose que se estabelece com uma sincronia de uma frequência denominada de “ruído rosa”.

Isso aparece quando usamos,por exemplo, o mouse como uma interface para interagir com um computador. Quando estes atos se processam na frequência cognitiva descrita como um “ruído rosa” o mouse e o computador passam a ser uma extensão de nosso corpo.
Se, contudo, uma dificuldade aparece neste intercâmbio e nos tornamos conscientes do artefato a frequência é quebrada e a interação como extensão cessa até que se estabeleça um novo estado de sincronia apropriado.*

É importante saber que habitamos duas realidades na mesma época. A anfibiedade em que vivemos é a capacidade adquirida de habitar e interatuar em contextos e condições diferenciadas. O nosso viver pode estar em dois espaços: o da realidade da existência e o da realidade potencial onde existimos metaforicamente. É a duplicidade do animal que habita a terra ou na água. Aterrado no viver físico ou libertado no mundo virtual; corporalmente distinguido em cada realidade, por adereços que podem se agregar a sua pessoa virtual.

Eu existo virtualmente em um mundo sem distancia espaço ou tempo definido. Minha vivência é a das conexões e meu destino são os meus links. Virtualmente existo na translação da metáfora, na transferência das minhas narrativas para um âmbito simbólico que não é fixo, físico ou designado; ele se fundamenta num movimento sem corpo definitivo. Uma relação de separação entre dois instantes, dois lugares ou dois estados do ser.
(AAB)


* Relações entre uma teoria da educação e seu fundamento ontológico e epistemológico.
http://www.webartigos.com/articles/10401/1/Educacao-Epistemologia-e-a-Crise-dos-Paradigmas/pagina1.html


** A Demonstration of the Transition from Ready-to-Hand to Unready-to-Hand
Dobromir G. Dotov, Lin Nie, Anthony Chemero
http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0009433

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