segunda-feira, janeiro 11, 2010

O espaço da memória




Quando falo do estoque de informação, um acervo armazenado, penso nos artefatos com que operam os agregados de informação. Estes  estoques, que são estáticos, não geram conhecimento. Existem como possibilidade de uma condição de conhecimento. Só com uma passagem adequada atingem o receptor.

Para haver conhecimento é necessária uma transferência de informação destes estoques para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável para sua apropriação pelos indivíduos. Nesse momento nada é mais subjetivo e privado que a assimilação de um conteúdo pelo receptor. Na solidão desta interiorização o receptor é uno e esta é uma a apropriação dele, de mais ninguém.

Conhecimento sendo uma passagem é um fluxo de estruturas simbólicas  um processo que se realiza no oculto espaço de uma subjetividade. É esta celebração  se passa em dois mundos: o do criador da mensagem e de quem a aceita como conhecimento.

O sistema tradicional de armazenamento da informação em estoques obedece a um rígido formalismo técnico e reducionista, que serve aos propósitos do seu gerenciamento. São sucessivos processos de seleção e reformatação de conteúdos simbólicos que sob o pretexto de melhorar localização e recuperação; interferem com o sistema de significação e com o universo semântico dos receptores.

A partir dos anos 80 novos modelos tecnológicos promovem um reposicionamento destas práticas de  principalmente devido a: uma nova visão conceitual de que a informação se relaciona com o conhecimento e com o desenvolvimento humano devendo se respeitar, portanto, a integridade de sua inteirice. Ao afetar esta integridade podemos afetar o processo de conhecimento como um todo.

A visão conceitual entende que os estoques de informação representam um importante recurso no processo de geração do conhecimento. A geração do conhecimento é uma condição complexa na qual os estoques estáticos representam uma etapa. O problema é que estes estoques com ou sem controle, crescem indefinidamente; se avolumam em um tempo sem limite; sua abundância degenera a potencialidade dos conteúdos na recuperação e distribuição.

Estes estoques se agrupam exponencialmente, em estruturas que lhe servem de repositório. A coisa toda poderá ruir em pedaços, devido ao seu próprio peso a menos que se modifiquem as proporções relativas da sua estrutura dos  em relação ao volume de seu conteúdo físico ou se modifique a constituição física.

Nossa memória  só funciona bem, porque nos é dada a capacidade do esquecimento. Um deslembramento natural do armazenado. Na memória digital dos documentos eletrônicos parece haver, também, um descarte natural associado ao acesso. Se não acessado um documento é descartado ou vai para um museu digital. Esta é uma peregrinação já trabalhada pelos que procuram fazer o árduo serviço de preservação digital.

Toda informação arquivada e de domicílio seguro pode ser retirada da memória pelo deslembramento. O digital quando salvado em uma memória de secundária pode ser esquecido e iniciar a sua relação com a história.

Nos ritos de informação é a memória,, que possibilita a relação com o saber É o conjunto de atos contínuos, que se acumulam no tempo e podem ser relembrados; são cognições prévias nas quais o indivíduo pode reelaborar o seu mundo modificando o seu espaço vivencial no passar do tempo. Assim opera a densidade estoque de informação armazenada, a massa e o volume que ocupam, tem condições agregativas e aderentes enquanto disponibilizadas pelo uso

Esta densidade quando humanizada é o que faz ser, completamente diferente a qualidade do pensar de um homem mais antigo e de uma criança. Haveria sim, nestes casos mais memória no elefante que na pulga.

AAB

Revisto em 17.11.2014

Um comentário:

Anônimo disse...

Aldo,

O Twitter nao é apenas uma ferramenta da informaçao escandalosa.Também nos coloca em contato com pessoas muito interessantes, como vc.
Um abraço,

Australopiteka