Um dia veio uma peste e acabou
com toda a vida na face da terra
Em compensação ficaram as bibliotecas
E nelas estavam meticulosamente escrito
o nome de todas as coisa! *
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras no nosso imaginário; o filme uma imagem em movimento tem, portanto, incalculáveis apelos a nossa sensação e sentimentos: uma explosão de nossa imaginação.
É o que acontece com o filme "Agora" que mostra em sua narrativa o incêndio da biblioteca de Alexandria e reacende o “fogo” das paixões relacionados à biblioteca e seus livros.
A Biblioteca de Alexandria original foi destruída há 1.700 anos pelo fogo e foi reconstruída quase no mesmo local; a reconstrução levou 20 anos para ser concluída e a magnífica obra foi reinaugurada em 2002. Logo depois o fogo destruiu parte de seu complexo cultural recentemente inaugurado. A biblioteca reacendeu seus laços com o fogo, desta vez não tão devastador.
Conta à história que há 1700 anos, quando o exercito inimigo capturou Alexandria , um intelectual Grego pediu ao comandante das forças de ocupação para salvar a Biblioteca, o pedido seguiu a linha de comando até chegar ao chefe que respondeu:
“Se estes escritos estão de acordo com o Livro de Deus eles não tem qualquer valor e não precisam ser preservados; se deles discordam eles são perniciosos e devem ser destruídos”.
Há nessa frase toda uma história de ocultamento da informação por questões de poder, política e religião, que perduram até hoje. Talvez o debate sobre Biblioteca como a fonte de saber venha da enorme responsabilidade colocada no valor simbólico desta estrutura de informação:
"As bibliotecas, ao longo dos séculos, têm sido o meio mais importante de conservar nosso saber coletivo. Elas foram e são ainda uma espécie de cérebro universal onde podemos reaver o que esquecemos e o que ainda não sabemos..... uma biblioteca é a melhor imitação possível, por meios humanos, de uma mente divina, onde o universo inteiro é visto e compreendido ao mesmo tempo."
"Mas é próprio de nosso trabalho, do trabalho de nossa ordem e em particular do trabalho deste mosteiro, aliás, a sua substância – o estudo e a custódia do saber, a custódia digo não a busca, porque é próprio do saber coisa divina, ser completo e definido desde o inicio, na perfeição do verbo que exprime a si mesmo.... Este é o trabalho de nossa abadia com sua com sua esplêndida biblioteca. Não há progressos, não há revoluções de períodos na história do saber, mas no máximo, continua e sublime recapitulação.." discurso do abade Jorge sobre a biblioteca do O Nome da Rosa de Eco
Há nestas citações de Humberto Eco toda uma ideologia de poder, do secreto e do sagrado que é associado à instituição.
A mesma forma de exclusão pelo preconceito foi filmada em "Farenheit 451" A realidade descrita no filme de Truffaut, mostra um Corpo de Bombeiros que tem a função de queimar livros. Neste futuro hipotético, os livros e toda forma de escrita são proibidos pelo regime, pois torna as pessoas infelizes e improdutivas. Se alguém é visto lendo é preso para reeducação. Se uma casa tem muitos livros "bombeiros" são chamados para incendiá-la. Mas, existe uma terra dos homens-livro, pessoas que memorizavam seus livros para publicá-los no futuro. À possibilidade de ler alia-se, novamente, aos privilégios do poder ser, poder fazer, poder decidir par gerar a superstição .
Uma outra indicação do travamento do uso da biblioteca devido sua estrutura foi quando da inauguração do Centro Georges Pompidou, no centro de Paris em 1977, como espaço voltado para a cultura e o saber. O Centro mostrou o efeito a alienação provocada pelos "Palácios do Saber”, ou seja, o tratamento espetacular dado a uma área em contradição com o intento instrutivo e formativo daqueles espaços. O centro foi visto por muitos como labirintos, onde as pessoas se sentiam pouco à vontade de acordo com seu habitus de convivência. Os visitantes reclamavam que não podiam contar com suas condições cognitivas para lidar com as referências engendradas pelo espaço que provocava uma sensação de desconforto. Algumas e se sentiram ameaçadas ou mesmo enganadas.*
A responsabilidade colocada na biblioteca, como tendo uma resposta às questões universais, pode ser a culpada pelo seu estranhamento com o mundo. Poetas escritores e violeiros cantam que a biblioteca é eterna e possui todos os conhecimentos; daí espera-se encontrar ali, também, as respostas para todas as questões do universo: guerra, paz, justiça e injustiça, poder, violência. Colocaram opções pesadas para a biblioteca responder. Porém a resposta de tudo não esta só ali, a biblioteca guarda a informação, a resposta está no conhecimento que é fruto da razão e do coração dos homens, os mesmos muitas vezes querem vê-la queimar.
Aldo de A Barreto
*AGORA - O filme
http://movies.nytimes.com/movie/453107/Agora/trailers
* As Bibliotecas, Mario Quintana, Preparativos de Viagem, 1987.
* Umberto Eco é romancista e semiólogo. Os fragmento são do texto Muito além da Internet, de dezembro 2003,e de seu livro O nome da Rosa.
* Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou - Les immatériaux http://www.dgz.org.br/abr10/Art_02.htm
com toda a vida na face da terra
Em compensação ficaram as bibliotecas
E nelas estavam meticulosamente escrito
o nome de todas as coisa! *
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras no nosso imaginário; o filme uma imagem em movimento tem, portanto, incalculáveis apelos a nossa sensação e sentimentos: uma explosão de nossa imaginação.
É o que acontece com o filme "Agora" que mostra em sua narrativa o incêndio da biblioteca de Alexandria e reacende o “fogo” das paixões relacionados à biblioteca e seus livros.
A Biblioteca de Alexandria original foi destruída há 1.700 anos pelo fogo e foi reconstruída quase no mesmo local; a reconstrução levou 20 anos para ser concluída e a magnífica obra foi reinaugurada em 2002. Logo depois o fogo destruiu parte de seu complexo cultural recentemente inaugurado. A biblioteca reacendeu seus laços com o fogo, desta vez não tão devastador.
Conta à história que há 1700 anos, quando o exercito inimigo capturou Alexandria , um intelectual Grego pediu ao comandante das forças de ocupação para salvar a Biblioteca, o pedido seguiu a linha de comando até chegar ao chefe que respondeu:
“Se estes escritos estão de acordo com o Livro de Deus eles não tem qualquer valor e não precisam ser preservados; se deles discordam eles são perniciosos e devem ser destruídos”.
Há nessa frase toda uma história de ocultamento da informação por questões de poder, política e religião, que perduram até hoje. Talvez o debate sobre Biblioteca como a fonte de saber venha da enorme responsabilidade colocada no valor simbólico desta estrutura de informação:
"As bibliotecas, ao longo dos séculos, têm sido o meio mais importante de conservar nosso saber coletivo. Elas foram e são ainda uma espécie de cérebro universal onde podemos reaver o que esquecemos e o que ainda não sabemos..... uma biblioteca é a melhor imitação possível, por meios humanos, de uma mente divina, onde o universo inteiro é visto e compreendido ao mesmo tempo."
"Mas é próprio de nosso trabalho, do trabalho de nossa ordem e em particular do trabalho deste mosteiro, aliás, a sua substância – o estudo e a custódia do saber, a custódia digo não a busca, porque é próprio do saber coisa divina, ser completo e definido desde o inicio, na perfeição do verbo que exprime a si mesmo.... Este é o trabalho de nossa abadia com sua com sua esplêndida biblioteca. Não há progressos, não há revoluções de períodos na história do saber, mas no máximo, continua e sublime recapitulação.." discurso do abade Jorge sobre a biblioteca do O Nome da Rosa de Eco
Há nestas citações de Humberto Eco toda uma ideologia de poder, do secreto e do sagrado que é associado à instituição.
A mesma forma de exclusão pelo preconceito foi filmada em "Farenheit 451" A realidade descrita no filme de Truffaut, mostra um Corpo de Bombeiros que tem a função de queimar livros. Neste futuro hipotético, os livros e toda forma de escrita são proibidos pelo regime, pois torna as pessoas infelizes e improdutivas. Se alguém é visto lendo é preso para reeducação. Se uma casa tem muitos livros "bombeiros" são chamados para incendiá-la. Mas, existe uma terra dos homens-livro, pessoas que memorizavam seus livros para publicá-los no futuro. À possibilidade de ler alia-se, novamente, aos privilégios do poder ser, poder fazer, poder decidir par gerar a superstição .
Uma outra indicação do travamento do uso da biblioteca devido sua estrutura foi quando da inauguração do Centro Georges Pompidou, no centro de Paris em 1977, como espaço voltado para a cultura e o saber. O Centro mostrou o efeito a alienação provocada pelos "Palácios do Saber”, ou seja, o tratamento espetacular dado a uma área em contradição com o intento instrutivo e formativo daqueles espaços. O centro foi visto por muitos como labirintos, onde as pessoas se sentiam pouco à vontade de acordo com seu habitus de convivência. Os visitantes reclamavam que não podiam contar com suas condições cognitivas para lidar com as referências engendradas pelo espaço que provocava uma sensação de desconforto. Algumas e se sentiram ameaçadas ou mesmo enganadas.*
A responsabilidade colocada na biblioteca, como tendo uma resposta às questões universais, pode ser a culpada pelo seu estranhamento com o mundo. Poetas escritores e violeiros cantam que a biblioteca é eterna e possui todos os conhecimentos; daí espera-se encontrar ali, também, as respostas para todas as questões do universo: guerra, paz, justiça e injustiça, poder, violência. Colocaram opções pesadas para a biblioteca responder. Porém a resposta de tudo não esta só ali, a biblioteca guarda a informação, a resposta está no conhecimento que é fruto da razão e do coração dos homens, os mesmos muitas vezes querem vê-la queimar.
Aldo de A Barreto
*AGORA - O filme
http://movies.nytimes.com/movie/453107/Agora/trailers
* As Bibliotecas, Mario Quintana, Preparativos de Viagem, 1987.
* Umberto Eco é romancista e semiólogo. Os fragmento são do texto Muito além da Internet, de dezembro 2003,e de seu livro O nome da Rosa.
* Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou - Les immatériaux http://www.dgz.org.br/abr10/Art_02.htm
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