quarta-feira, abril 01, 2009

A anfibiedade que nos cerca


Na Mitologia grega, o Minotauro era uma criatura meio homem e meio touro. Ele morava no Labirinto e o vigiava. Usava sus anfibiedade para manter as condições técnicas que deveria preservar de um poder mitológico vigente. Era intransigente e parcial. Um minotauro está dentro de cada um de nos quando nos impede de viver o novo e ir para aos novos espaços potenciais. O labirinto digital é entravado pelo Minotauto que somos em nossa ambigüidade, mas:

ao morrer o minotauro chora, chora como uma criança
por fim se enrosca como um feto
e se aquieta no definitivo da morte (1)

"A anfibiedade que vivemos culturalmente e em sentido amplo, é a capacidade inata e adquirida de habitar e interatuar em contextos e condições diferenciadas. È a anfibiedade do animal que pode viver na terra ou submerso na água. As tecnoculturas da anfibiedade indicam heterogêneas alternativas e instâncias de integração progressiva entre o mundo analógicos e o digital. William Gibson (2) nos diz: "um dos erros que nossos netos encontraram em nós foi a nossa distinção entre digital e analógico, entre virtual e real. No futuro esta diferença será literalmente impossível. A distinção sobre o ciberespaço e o que não é ciberespaço será inadmissível." (3)

Esta anfibiedade é o que nos posiciona no mundo atual ou direciona o olhar de como nos vê o mundo. Se olharmos ao abismo digital ele certamente voltará seu olhar para nós (4). Um certo olhar conectado. o olhar da imensidão de um espaço que quer ser o arquivo da humanidade.

Vivemos em tempos, de uma época em que a conexão pauta a elocução e a forma de estar ou não potencialmente em uma realidade conectada. A única que existe segundo Gibson.

Nossa realidade ou é refugiada em nossa solidão fundamental, aquela individualidade do âmago de nosso ser ser ou é mediada por uma realidade que não é física, aparente ou visível. É como a escuridão, onde somente olhos linkados nos acompanham. Uma realidade digital onde podemos habitar pela vivência sem, contudo, estar coma a presença.

Nossa anfibiedade faz nosso viver ficar em dois mundos: o da realidade da existência e o da realidade potencial onde existimos metaforicamente linkados aos outros e são eles que nos definem. São eles que executam a transferência do que somos para um significado que nos designam no mundo digital.

No mundo digital somos definidos por quem nos olha tal como o abismo que nos devolve o olhar. Eu para mim não existo, o que existe é o meu eu para o outro. O eu digital existe nas testemunhas na minha vida online em convivência. O meu eu conectado é determinado por aqueles que me seguem no Twitter, nas listas, nas postagens do Blog.

E é assim, por uma significação de metáfora é que, na realidade da web transformamos a nossa narrativa em lenda, porque em cada conexão a interpretação do outro é diferente e com diferentes intenções e o ao final representamos a soma do que de nós diz. O eu potencial é designado e tem atributos de proezas notáveis, façanhas e condições heróicas ou fabulosas críticas. O que postamos e o que somos percorre assim uma odisséia independente no virtual e passa a ser livre do que dele eu disse.

Aldo de A Barreto


1 - Poema de Paulo Leminski
2 - William Gibson autor do famoso livro "Neuromancer (1984), e cunhou o termo Ciberespaço
3 - Tradução de tema de Rafael Cippolini do blog Cippodrmo de onde veio a "inspiração" desta postagem
http://cippodromo.blogspot.com/
4 - Freidrich Neitzsche


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