Em recente evento internacional no Rio uma editora vendeu muitos exemplares, não barato, de um livro que estava disponibilizado de graça na web. Não ouve qualquer intenção dúbia, pois a opção era de conhecimento e estava indicada na introdução do livro. A reflexão que se coloca é a preferência do receptor por um objeto real ou seu substituto digital.
Todos aqueles os nascidos antes dos anos setenta nunca irão confiar plenamente na web como um formato de conteúdo opcional para a realidade física do objeto cultural. É uma questão de tradição e de imagem na memória Há que considerar que se nos colocamos cinquenta anos atrás a web é um milagre e todo o milagre amedronta, pois é algo que foge ao controle. "Quem assistiu a ressurreição de Lázaro deve ter ficado apavorado”* como apavorados com a Internet estão aqueles que preferem ler no papel e escreviam (e ainda escrevem) com caneta Parker de encher de tinta no vidro.
O ser humano necessita sentir seus pés na terra e perceber a territorialização de um espaço comum definindo uma conduta padronizada de papéis predestinados e aceitos. Um espaço que é objetivado e percebido para desenrolar uma vida própria e uma socialização na terra e que determina a consciência objetiva do homem como produto de suas construções físicas e simbólicas. A terra impõe sua ordem no real onde a vivência não se separa da presença física.
O homem ou vive na terra da realidade ou no mundo da virtualidade. Neste sentido o mundo não é uma soma de realidades, mas um outro princípio regulador da razão, um espaço diferente na relação do homem com as coisas, como as máquinas e os outros homens e a totalidade das suas relações dinâmicas. Assim pensado a terra se constitui em uma convivência real com as memórias em estoque, domiciliadas e guarnecidas. Mas estáticas esperando que um ato as transforme ou ative.
Virtualizar uma coisa ou uma faculdade como a memória consiste em mudar sua atualidade. Não significa uma desrealização da coisa, mas uma mudança em sua identidade, uma passagem da terra para a mundaneidade do mundo.
Todos aqueles os nascidos antes dos anos setenta nunca irão confiar plenamente na web como um formato de conteúdo opcional para a realidade física do objeto cultural. É uma questão de tradição e de imagem na memória Há que considerar que se nos colocamos cinquenta anos atrás a web é um milagre e todo o milagre amedronta, pois é algo que foge ao controle. "Quem assistiu a ressurreição de Lázaro deve ter ficado apavorado”* como apavorados com a Internet estão aqueles que preferem ler no papel e escreviam (e ainda escrevem) com caneta Parker de encher de tinta no vidro.
O ser humano necessita sentir seus pés na terra e perceber a territorialização de um espaço comum definindo uma conduta padronizada de papéis predestinados e aceitos. Um espaço que é objetivado e percebido para desenrolar uma vida própria e uma socialização na terra e que determina a consciência objetiva do homem como produto de suas construções físicas e simbólicas. A terra impõe sua ordem no real onde a vivência não se separa da presença física.
O homem ou vive na terra da realidade ou no mundo da virtualidade. Neste sentido o mundo não é uma soma de realidades, mas um outro princípio regulador da razão, um espaço diferente na relação do homem com as coisas, como as máquinas e os outros homens e a totalidade das suas relações dinâmicas. Assim pensado a terra se constitui em uma convivência real com as memórias em estoque, domiciliadas e guarnecidas. Mas estáticas esperando que um ato as transforme ou ative.
Virtualizar uma coisa ou uma faculdade como a memória consiste em mudar sua atualidade. Não significa uma desrealização da coisa, mas uma mudança em sua identidade, uma passagem da terra para a mundaneidade do mundo.
Nesta mundanidade as coisas estão em fluxo e representam uma sucessão de eventos em se realizando. Na mundaneidade do mundo o homem pode existir só por sua vivência prescindindo sua presença física. Assim, também a sua memória está , agora, em fluxo agregando condições potencias de lembranças do passado e pretensões de futuro. A virtualidade é um caminho que se percorre.
Na virtualização das coisas, dos documentos ou faculdades, existe um novo software em nós para a interação com o mundo. Hoje somos destinados por este software e ele faz parte de nossa convivência, modo de agir e de interagir com nossos códigos para lidar com os enredamentos das idéias, impressões, conhecimentos adquiridos, recordações e deslembranças.
A condição de expressar e entender estes símbolos trazidos por esta memória virtualizada é um novo exercício de interiorização de significados.
Na virtualização das coisas, dos documentos ou faculdades, existe um novo software em nós para a interação com o mundo. Hoje somos destinados por este software e ele faz parte de nossa convivência, modo de agir e de interagir com nossos códigos para lidar com os enredamentos das idéias, impressões, conhecimentos adquiridos, recordações e deslembranças.
A condição de expressar e entender estes símbolos trazidos por esta memória virtualizada é um novo exercício de interiorização de significados.
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'PARKER '51' - Comercializada desde 1941 até meados da década de 70 e fabricada em diversos países; cerca de 20 milhões de canetas foram vendidas ao longo de mais de 30 anos
Instruções de uso:
para encher
pressione a alça no corpo da caneta
pelo menos por quatro vezes
mantendo a ponta dentro do tinteiro
limpe com um tecido macio
use sempre tinta Parker
* Do “Outro” em JL Borges
'PARKER '51' - Comercializada desde 1941 até meados da década de 70 e fabricada em diversos países; cerca de 20 milhões de canetas foram vendidas ao longo de mais de 30 anos
Instruções de uso:
para encher
pressione a alça no corpo da caneta
pelo menos por quatro vezes
mantendo a ponta dentro do tinteiro
limpe com um tecido macio
use sempre tinta Parker
* Do “Outro” em JL Borges
Um comentário:
Bom dia, professor.:)
Essa tricotomia real/virtual/atual norteou minha dissertação de Mestrado, achei pertinente colar um pedacinho: "(...) a tradução do real para o virtual causa perda e alteração da informação original, concepção corroborada por Levy (1993), que afirma que o mundo real não é a correspondência do mundo virtual – muito e antes pelo contrário. O autor explica que ‘virtual’, derivado do latim virtuallis, significa ‘repleto de possibilidades’, potencialmente capaz, que pode ‘vir a ser’. Ele utiliza a metáfora da semente como ‘árvore virtual’, e entende que, quando uma informação deixa de ser virtual, ela torna-se ‘atual’, ou seja, quando fazemos upload de uma notícia ambiental na internet, ela torna-se atual em um novo contexto, determinado pelas condições tecnológicas e intelectuais de recepção do usuário. Isso significa que o virtual não remete ao real, mas a uma terceira produção de sentido, dependente de outros fatos alheios ao fato original, como, por exemplo, o contexto da comunicação face a face que pode ser potencializada pela internet. Portanto, o usuário é um indivíduo que personaliza sua tradução e não um observador imobilizado, passivo.".
Ref: LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34, 1993.
GABRICH, Débora de Carvalho Pereira. “Amazônia Transnacional: as redes ambientais na internet e a padronização da natureza”. Dissertação de Mestrado em Extensão Rural, Departamento de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa, 2007.
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